terça-feira, 5 de abril de 2011

Acorda USC!

Sincero. Característica marcante do gerente de Futebol do Uberaba Sport Club, Marcelo Araxá (Ernani Nogueira, diretor de Futebol,também não foge à regra). Quem acompanha diariamente o USC sabe bem disso. Quer uma prova? Pois bem, ouça a entrevista que o mesmo concedeu à Rádio JM durante o programa Arquibancada JM, na última segunda-feira. Não há dúvidas: foi um desabafo. Mais do que isso, foi uma análise perfeita do atual momento do Uberaba.
A repercussão foi imediata. O próprio dirigente pôde perceber isso ao sair de casa. Foi parabenizado no açougue, no posto de combustível e na auto-escola pelas declarações. Outros, no entanto, não gostaram. Fizeram cara feia ao encontrá-lo. Simplificando: quem fez cara feia teve esta ação porque vestiu a carapuça.
Marcelo Araxá falou por 30 minutos com a Equipe Pé Quente. Ele revelou alguns detalhes dos bastidores do Uberaba (situações que muitas vezes não são divulgadas pela imprensa para evitar prejuízos a imagem do clube) e explicou o quanto é difícil manter jogadores motivados,cientes da responsabilidade que possuem ao vestir o manto sagrado do Colorado, mesmo quando não dispõem de uma estrutura adequada e nem são recompensados como deveriam ser.
Nos minutos finais da entrevista, o gerente de Futebol fez um pedido/lembrete: assim que terminar o Estadual, o USC precisa se reorganizar fora de campo.
Desculpe, Marcelo! Eu vou mais além: o USC precisa acordar! Os deuses do futebol estão fazendo hora-extra com a equipe colorada! Pois, mesmo sem ter uma estrutura adequada para manter um time profissional, o Alvirrubro conseguiu obter bons resultados nos últimos dois anos. Isso fez com que os responsáveis por buscarem soluções parassem no tempo. Eles não tiveram pressa para resolver os problemas estruturais - que não sou poucos - do Zebu. Deixaram tudo nas mãos de Marcelo Araxá e Ernani Nogueira. Esses dois são os responsáveis diretos pela permanência do Uberaba na divisão de elite do futebol mineiro (ainda não se pode cravar a permanência matematicamente, mas está bem próxima de acontecer). Quantas e quantas vezes vi jogadores cobrando uma posição desses dois dirigentes sobre os salários, bichos - geralmente atrasados -, condições de trabalho, etc. Quantos jogadores já quiseram deixar o Colorado, mas acabaram permanecendo, atendendo a pedidos do Marcelo ou do Ernani.
Evidentemente, existem outros colaboradores. Torcedores/dirigentes que dedicam uma parte do dia em prol do USC.Enfim, gente que de uma forma ou de outra contribue com o clube. Não estou aqui para criticá-los. Pelo contrário,também são essenciais. Mas para uma agremiação que tem como principal objetivo disputar o Campeonato Brasileiro da Série B falta muita coisa.
Mais do que torcedores/dirigentes, o USC precisa de PROFISSIONAIS em sua diretoria executiva. Pessoas capazes de se dedicarem em tempo integral, criando e executando projetos em prol do USC. Gente que possa se dedicar exclusivamente ao clube e, claro, remuneradas para desempenhar tal função.
Nenhum clube brasileiro irá sobreviver sem ter uma estrutura adequada. O Fluminense é a maior prova disso. Atual campeão brasileiro, o time perdeu o treinador Muricy Ramalho. Ao deixar o clube, o ex-técnico não poupou críticas a situação do clube fora de campo. Muricy foi taxativo: "Fomos campeões porque o elenco era bom. Mas os resultados positivos não irão se repetir, pois não temos sequer uma estrutura apropriada para treinarmos".
Evidemente, USC e Fluminense não estão no mesmo patamar. Entretanto, ambos carecem de melhores condições estruturais. O Uberaba precisa de um teto, de uma casa, de um lugar em que seu torcedor possa bater no peito e gritar: aqui é a casa do USC. O tão sonhado Centro de Treinamento precisa sair do papel. Expôr e divulgar cada detalhe do projeto para que o torcedor compre a ideia é um bom início. A torcida já deu provas de que ama o time, apoiando-o no período de vacas magras. Para isso, ela precisa ser estimulada o tempo todo. Os resultados em campo são importantes, claro. Mas uma diretoria que mostra competência, ganha automaticamente credibilidade. Isso faz com que torcedor passe a confiar nos dirigentes e, quando conclamado a participar de determinada ação, ele imediatamente se coloca à disposição do clube.Os clubes gaúchos, que possuem milhares de sócios, são bons exemplos.
A cidade tem que abraçar o time, mas a diretoria precisa mostrar serviço e vontade para que isso aconteça. Os resultados em campo são essenciais, mas nem sempre será possível obtê-los. Afinal, o futebol é feito de bons e maus momentos. E, quando os resultados em campo não forem os esperados, o USC precisa ter a certeza de que pelo menos poderá encontrar abrigo na SUA CASA!

Um comentário:

  1. Parabéns o texto é muito bom e o final melhor ainda, mas penso que a cidade (quem nela vive e quem a administra)não respeita o time que carrega o nome da cidade e mesmo a contragosto de muitos o faz com muita decência. Afinal foram dois de Série D e dois anos entre os oito melhores. Só isso já seria suficiente para que a cidade abraçasse o time, veja o exemplo do América de Teófilo Otoni.

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