A tão falada, ouvida e esculachada eliminação precoce do Corinthians na edição 2011 da Libertadores não foi uma grande surpresa. Calma, eu explico o porquê, caro leitor. Assim que o Tolima marcou o segundo gol na Colômbia comecei a fazer uma análise um tanto quanto saudosista. Antes de explicar/contar em que fatos me baseei para realizar tal procedimento vou logo revelar a conclusão: o Corinthians precisa voltar a ser o “Curinthians”. O seu torcedor precisa voltar a cantar com orgulho o famoso cântico da fiel, aquele que resume bem o que é pertencer a nação alvinegra: “sou maloqueiro, corintiano e sofredor...graças a Deus!”
Que me desculpe os renomados Ronaldo e Roberto Carlos - campeões de tudo, ricos e famosos -, mas vocês não possuem aquilo que o torcedor alvinegro mais preza: garra, raça. Que me desculpe Andrés (este sim, um maloqueiro!): R9 e RC não são, nem têm a “cara” do Corinthians. Vendo as estrelas do futebol mundial com o manto sagrado do SCCP sinto falta, cada vez mais, de atletas aguerridos, que nunca foram referência quando o assunto é qualidade técnica, mas que, ao entrar em campo, se entregavam de corpo e alma. A minha geração é farta de exemplos de atletas raçudos. Cito alguns nomes que marcaram e fizeram história com a camisa do Timão: Márcio, Marcelo Djean, Wilson Mano, Henrique, Zé Elias (o Zé da Fiel), Ezequiel, Ronaldo (o goleiro roqueiro), Célio Silva, Marcelinho Paulista, Tupãzinho, Rincón, Neto, Viola, Dinei, entre outros.
Sou corintiano desde 1990, quando tinha seis anos de idade. Exatamente no dia 24 de novembro daquele ano, data em que eu comemorava o meu sexto ano de vida, vi o “Curinthians” conseguir uma das viradas mais espetaculares e marcantes. O Timão perdia para o Galinho (aquele time de BH) por 1x0, no primeiro duelo das quartas-de-final do Brasileirão. Empurrado pela torcida, que superlotava o Pacaembu, Neto estufou as redes em duas oportunidades, fazendo com o que o estádio viesse abaixo. Daí em diante, ninguém segurou o Timão. Mesmo sem grandes estrelas, o copeiro time de Nelsinho Batista conquistou o seu primeiro título brasileiro, deixando para trás o São Paulo, de Telê Santana, que dois anos depois conquistaria o título do Mundial (ops, Mundial não, apenas uma chave da Toyota). Deixando o freguês de lado, o Corinthians foi campeão nacional tendo Neto (gordo, literalmente!) como o principal jogador. Márcio “Paulada” e Wilson “Nada” Mano distribuíam pancadas no meio-campo. Tupãzinho, o legítimo pé de anjo do Timão, aparecia na hora certa. Ezequiel corria por Neto e por todos os fieis torcedores. O limitadíssimo Marcelo Djean parou Raí, Muller, Bobô e Reinaldo.
Mas não foi a conquista do trófeu de campeão brasileiro que marcou a geração de 90. Nada disso. Os atletas foram reconhecidos pela Nação de Loucos pelo empenho e a vontade com que entravam em campo e se entregavam com o manto alvinegro. Nos anos seguintes, vi o Timão conquistar vitórias inesquecíveis, viradas quase inimagináveis. Ouvia Osmar Santos empurrando o time do povo, que passava por cima de adversários mesmo jogando com um (até dois, três) jogador (es) a menos.
Vale destacar: o Corinthians não tinha craques. Tinha apenas atletas/torcedores. Podiam ser derrotados, mas lutavam até o fim. A fiel sempre reconhecia este esforço: faixas e bandeiras dos ídolos pelas arquibancadas do Estádio Paulo Machado de Carvalho.
Vi o Alvinegro jogar de igual para igual com grandes equipes da Parmalat. Ah, se não fosse José Aparecido de Oliveira, o timinho da zona oeste estava em jejum até hoje.
Como esquecer da final da Copa do Brasil de 1995. Eu vi um time inferior tecnicamente derrotar uma seleção formada por jogadores da América do Sul. O Timão, de Ronaldo, Silvinho, André Santos, Célio Silva, Henrique, Viola, etc, derrotar o Grêmio, de Jardel, Adilson Batista, Arce, Jardel,Paulo Nunes e Luiz Felipe Scolari, em pleno estádio Olímpico, calando 60 mil gremistas.
E o final da década de 90: o Morumbi virou o salão de festas do Corinthians. HA HA HA!!!! Tínhamos Edilson e Marcelinho Carioca, que eram diferenciados, mas como esquecer de Índio, Edu, Dinei, Rincón e Vampeta. Estes sim, “curintianos”!
Jogadores que fizeram o Corinthians levantar a taça da primeira edição do Campeonato Mundial de Clubes. Mais uma vez, uma verdadeira invasão de maloqueiros no Maraca.
Vendo Ronaldo e Roberto Carlos diante do Tolima, vou confessar: sinto saudades do Herrera, do Mirandinha, do Rafael “He-man” Moura. O atual elenco sequer pode ser comparado ao que foi rebaixado. Sim, caro leitor, aquele time que caiu para a Série B tinha atletas que amavam o Corinthians. Betão, garoto do Terrão, era um deles. Eram fracos, mas quase se matavam em campo. O que vimos nos últimos dias não pode ser esquecido, fiel torcedor. Roberto Carlos afirmou que estava com medo do Tolima. Meu Deus! Para piorar, não assumiu sua responsabilidade e não jogou na Colômbia. Já Ronaldo reclamou da qualidade do gramado. Era o que faltava. Desculpas e mais desculpas. Até Dentinho, criado no Terrão de Itaquera, não se mostrou preocupado com a eliminação. Apenas a violência por parte de torcedores (alguns, não todos) o assustou.
Fracassos e derrotas inesperadas são comuns no futebol. Os times anteriormente citados também sofreram com resultados negativos, mas nada como o que vimos na semana retrasada. Nada de luta, dedicação, raça, empenho. Nada de “Curinthians”!
Tenho q admitir, ficou ótimo. Mesmo vc sendo um curintiano, a msg é bacana. Jogador/torcedor, algo raro e necessário no futebol, no esporte. Jogador que sua sangue não só pra vencer, mas sim para ver orgulhoso o seu torcedor. O curintians precisa voltar, bem como o Framengo precisa ressurgir ou atrético ressuscitar.
ResponderExcluirSão histórias como essa que vc contou que me deixam intrigados com o futebol. Sofremos, sofremos e nos contentamos com cinco minutos de festa após uma vitória. ou, em muitos casos, nos orgulhamos do nosso time mesmo em caso de derrotas... é paixão, nao tem explicação... é algo pra ser vivido. basta.
Parabéns!
Mandou bem, palpiteiro!
PS.: Todos nós sabemos que aquele "mundial" nao valeu nada...
SRN